segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Dead Space 2 - Análise



Esperando pra ver muito gore, decepar muitos membros e encontrar "criaturas fofinhas que habitam arco-iris e coisas felpudas"?
Dead Space 2 não perde tempo em colocar o jogador no meio da ação. Logo nos primeiros momentos vemos Isaac Clarke sendo acordado por um indivíduo que lhe conta que está em grande perigo. Imediatamente seguindo o mesmo individuo é atacado por um necromorph, fazendo com que se transforme e passe a atacar por sua vez o Isaac. Ainda meio tonto, desorientado e preso num colete de forças, Isaac consegue de alguma forma fugir das garras do necromorph e corre desesperadamente para conseguir salvar a sua vida. Basta este pequeno trecho do jogo para percebemos que a Visceral andou empenhada em melhorar o máximo possível a experiência oferecida por Dead Space 2. O jogador entra quase instantaneamente em sintonia com o jogo e consegue sentir todas as emoções como se estivesse na pele do personagem. Nos primeiros capítulos isto é bastante mais susceptível, Isaac ainda está tentando perceber o que está se passando e encontra-se confuso. O mesmo se passa conosco, estamos confusos e tentamos progredir avançando lentamente sem saber o que poderá aparecer à nossa frente.

Os eventos desta sequência situam-se 3 anos após os acontecimentos do original. Como já foi referido, Isaac acorda sem saber o que está acontecendo, sem saber o que aconteceu durante esses anos. Por esta razão, a primeira coisa que tenta fazer é encontrar respostas. Como surgiu outro surto de necromorphs? Qual a sua localização? O que aconteceu no local onde se encontra? Estas são algumas das perguntas existentes na cabeça de Isaac.

Não tarda para Isaac perceber que a sua sanidade mental não está a 100 porcento. Frequentemente vê aparições da sua namorada morta que o culpa de tê-la encorajado a juntar-se à tripulação da Ishimura e consequentemente pela sua morte. Para aumentar ainda mais a confusão na cabeça de Isaac, Nicole é um necromorph nestas aparições, e além de lhe atribuir a culpa pela sua morte, diz-lhe coisas que não consegue entender ou que não fazem sentido. Em Dead Space 2 temos um Isaac Clarke diferente daquele que foi visto no primeiro título, que devido a tudo aquilo que viu e viveu, encontra-se num estado psicológico baralhado e debilitado.


Tudo o que Isaac quer é encontrar uma forma de sair da estação espacial onde se encontra e pôr este "pesadelo" para trás. Claro que isso significa sobreviver a um cenário hostil com necromorphs e outros perigos espreitando a cada esquina. Em Dead Space 2 sentimos realmente que estamos sozinhos e que dependemos apenas de nós próprios para conseguirmos ultrapassar os desafios propostos. Para mim o primeiro capítulo é aquele em que nos sentimos mais expostos e mais vulneráveis, pois nesta altura ainda não temos à nossa disposição uma arma.



A nível de jogabilidade permanece basicamente igual ao antecessor. À medida que a nossa progressão aumenta, ganhamos acesso a mais armas e podemos usar os "power nodes" para melhorar o nosso equipamento. O número limite de armas que conseguimos é quatro, uma para cada direção do d-pad. Cabe a cada jogador decidir quais as armas que se adaptam melhor à forma como joga. Uma pequena mudança foi feita na habilidade "Stasis" (que permite abrandar o movimento de objetos e inimigos), agora recarrega-se sozinho e por isso não é necessário usar um "stasis pack" para voltar a usá-lo.


A coisa mais fantástica que Dead Space 2 tem é a sua atmosfera. É incrivelmente imersiva e pertence àquele tipo que prende completamente o jogador a tela. Ao vaguearmos pela estação espacial damos de cara com cadáveres encostados nos cantos e sangue pelas paredes. Tudo está deserto, não há um único indício de vida por perto. É como se fosse uma estação espacial "fantasma". Não será de espantar se muitos de vocês sentirem arrepios constantes enquanto jogam Dead Space 2.


O que ajuda muito o jogador a inserir-se na atmosfera aterradora e arrepiante de Dead Space 2 é a sonoplastia. Aqueles sons que ecoam pela estação espacial são pequenos mas põem o jogador em constante alerta. Ouvir somente os passos de Isaac aumenta exponencialmente o sentimento de solidão. Quando entramos em áreas de vácuo é uma sensação extraordinária não ouvir nada para além do barulho de Isaac respirando. Nada foi deixado ao acaso pela Visceral Games e nota-se que teve um grande cuidado neste aspecto do jogo.


Outra das preocupações da Visceral para Dead Space 2 foi torná-lo um título mais macabro que o anterior. As alucinações de Isaac são um passo nessa direção, mas há mais. Com a introdução dos novos necromorph esta tarefa foi alcançada com sucesso. Um dos novos necromorph apresenta-se na forma de um bebé que rasteja lentamente, e de forma inocente, até chegar a nós. Mas não se deixem enganar, quando chega aos nossos pés explode como bomba. Outro necromorph assume a forma de uma criança que liberta uns gritos estridentes que ferem os ouvidos. Estes pequenos diabos podem ser difíceis de eliminar devido à sua baixa estatura e porque atacam sempre em grupo.


Em determinadas partes, geralmente no final de cada capítulo, Dead Space 2 oferece momentos espetaculares e com um aspecto cinematográfico. São o auge ou os pontos máximos do jogo. Porém, a maioria destes momentos se resumem a cinemáticas interativas em que temos que pressionar rapidamente o botão A, e não compensam a quase inexistência de confrontos com chefes (apenas recordo-me de dois).


O maior defeito de Dead Space 2 é que começa a cair numa rotina, principalmente após a segunda metade do jogo. A maior parte do tempo é gasto percorrendo corredores e a desmembrar os vários necromorph que vão aparecendo. De certa forma, todos os jogos, por muito bons que sejam, sofrem deste defeito, mas esta sensação de rotina foi mais forte para mim neste título do que em outros. No entanto, não é algo que desmotive o jogador ou que o faça perder a vontade de jogar, Dead Space 2 prende o jogador até ao final.


Na dificuldade normal, não é um jogo difícil. Existem, contudo, alguns momentos mais complicados e de maior frustração por causa da quantidade de inimigos que por vezes temos de enfrentar. Ainda bem que o jogo faz um bom trabalho em acalmar os nossos ânimos. Os pontos de gravação são frequentes e os checkpoints são muito mais frequentes. Quando perderem, o provável é começarem apenas uns passos atrás ou perderem um ou dois minutos de progresso.


Tal como o título anterior, Dead Space 2 prima pela sua apresentação e qualidade gráfica. O HUD continua a não existir e é mais uma das características que ajuda na imersão. Graficamente não é muito diferente daquilo que foi visto no antecessor e não surpreende tanto, mas continua ao nível dos padrões atuais. Os hologramas e a possibilidade de rodarmos a câmara em 360 graus enquanto os vemos, é um efeito espetacular, apesar de não ser algo importante no jogo.


A longevidade está dentro daquilo que todos consideram o "normal". A primeira vez que conclui Dead Space 2 demorei cerca de 8 horas. Da segunda vez joguei numa dificuldade mais elevada e com os melhoramentos dos fatos e armas da playthrough anterior demorei ainda menos. Para aqueles que procuram um verdadeiro desafio existe a dificuldade "hardcore" em que apenas se pode gravar três vezes.


A maior novidade que Dead Space traz é a componente multijogador online. Este modo do jogo suporta até 8 jogadores, 4 deles jogam como humanos e os outros 4 jogam como necromorphs. Ao todo temos 5 mapas para experimentar. Conforme formos juntando mais experiência, desbloqueamos melhores fatos e melhores armas. Jogar como necromorph é diferente, mas também não é nada de especial. No fundo o multijogador em si não é nada de especial. O valor real de Dead Space 2 está no modo single-player, não deixa no entanto, de ser uma mais valia e um extra que aumenta um pouco a longevidade.


Embora não seja algo relevante ou que afete a experiência de jogo, devo referir que a versão para Xbox 360 (a versão analisada) possui dois discos. Durante o jogo apenas vão precisar trocar de disco uma só vez.


A Visceral Games está de parabéns, mais uma vez, pelo seu excelente trabalho. Dead Space 2 é uma experiência magnífica. Todavia, não é muito diferente do Dead Space original. Aqueles que desfrutaram o primeiro certamente gostarão ainda mais do segundo. Se nunca jogaram Dead Space, a sequência é uma boa oportunidade para começarem. A história não é muito difícil de perceber graças a um vídeo incluído no jogo que conta os acontecimentos do primeiro jogo. Com esta sequência Dead Space posiciona-se no topo dos survival horror desta geração.



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